Os agonistas do receptor GLP-1 (GLP-1 RAs), inicialmente desenvolvidos para diabetes, têm ganhado destaque no tratamento da obesidade. Nos últimos dois anos, o número de prescrições desses medicamentos aumentou 132,6%. Estudos comprovam sua eficácia: em revisões de 2022 e 2023, pacientes tratados com GLP-1 RAs apresentaram reduções significativas no peso corporal, índice de massa corporal e circunferência abdominal.

        Esses medicamentos agem nos receptores do peptídeo-1 semelhante ao glucagon (GLP-1), promovendo a saciedade, retardando o esvaziamento gástrico e modulando os centros cerebrais de fome. Recentemente, combinações como tirzepatida, que também atua nos receptores do polipeptídeo insulinotrópico dependente de glicose (GIP), mostraram resultados ainda mais expressivos na perda de peso.


        Porém, nem todos respondem da mesma forma. Pesquisas lideradas pelo Dr. Andres Acosta identificaram quatro fenótipos de obesidade que influenciam os resultados:
• fome intestinal ("hungry gut"): esvaziamento gástrico acelerado, causando fome frequente;
• fome cerebral ("hungry brain"): saciedade reduzida durante as refeições, levando ao consumo excessivo;
• fome emocional ("emotional hunger"): padrão de alimentação hedônica, associado a emoções;
• metabolismo lento ("slow burn"): ineficiência na queima de calorias.

        
        Esses avanços reforçam a necessidade de tratamentos personalizados para maximizar os benefícios e minimizar efeitos colaterais. Apesar de promissores, GLP-1 RAs podem causar desconfortos gastrointestinais, como náuseas, vômitos e constipação, além de raros eventos graves, embora incomuns, como pancreatite, obstrução intestinal e diminuição importante da peristalse gástrica.

        Outro ponto levantado envolve o impacto na saúde mental. Estudos iniciais sugeriram uma possível relação entre GLP-1 RAs e ideação suicida, mas análises posteriores não confirmaram esse risco. Ainda assim, é fundamental monitorar pacientes com histórico de transtornos psiquiátricos.

        Mais que uma ferramenta de emagrecimento, esses medicamentos devem ser parte de uma abordagem integrada, incluindo mudanças no estilo de vida, como dieta e exercícios. O futuro aponta para a medicina de precisão no enfrentamento da obesidade, combinando genética, fenotipagem e cuidados personalizados.

         Fonte: "Side Effects of GLP-1 Drugs: What Doctors Should Know - Medscape - November 21, 2024."